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Natura
desenvolve cadeia direta de fornecimento de óleo de Buriti
Segunda-feira, 28 de Setembro de 2015
Projeto leva capacitação e geração de renda para comunidades
Quando decidiu, em abril de 2011, produzir o óleo de Buriti a partir de
uma cadeia de fornecimento de relacionamento direto com a Natura, a empresa
tinha pela frente uma grande missão: produzir informações suficientes sobre a
espécie e desenvolver os processos necessários para organizar a cadeia
produtiva, padronizar práticas dos agricultores para chegar a uma matéria prima
com a qualidade necessária para a elaboração do produto e obter o ingrediente
em maior volume e qualidade. A experiência foi tão bem-sucedida que gerou um
manual de boas práticas que hoje contribui para a capacitação de produtores
rurais, estruturação de uma agroindústria processadora do óleo e geração de
emprego e renda para os associados de uma cooperativa de agroextrativistas da
agricultura familiar.
Início do Projeto
Como de costume quando identifica em uma espécie o potencial para ser um
ingrediente novo, a empresa foi atrás do habitat natural da espécie e de
agricultores familiares próximos ou que trabalham com o Buriti nas comunidades
tradicionais, com objetivo de entender melhor suas características, identificar
potenciais e definir as melhores estratégias para realizar o trabalho.
“Encontrar parceiros locais para participar do desenvolvimento é importante
porque a ideia é que depois que esta etapa estiver concluída, essa cadeia possa
abastecer a demanda da Natura com o trabalho de pessoas locais”, explica Daniel
Oliveira, engenheiro agrônomo que faz parte da equipe de Pesquisa da Natura,
responsável por prospectar novos ativos naturais e desenvolver cadeias
produtivas que atendam os volumes da empresa.
O projeto em questão desenvolveu a cadeia produtiva do óleo de Buriti no
Cerrado do Norte de Minas Gerais. O primeiro passo foi identificar em que lugar
do cerrado havia um grupo já bem estruturado e próximo às áreas de ocorrência
de Buriti. Foi quando começou a parceria com a cooperativa Grande Sertão, que
fica localizada no norte de Minas Gerais, na cidade de Montes Claros. A
cooperativa trabalha com várias comunidades de cidades do norte do estado e tem
como objetivo principal o fortalecimento da agricultura familiar, através da
mobilização e capacitação dos agricultores para a produção de polpa de frutas e
produtos agroextrativistas do cerrado.
“Quando paramos pra analisar, perguntar para as pessoas que já tinham
alguma relação com o Buriti, vimos que ela era muito local com um uso mais em
casa ou mesmo num mercado local”, lembra Daniel. Segundo ele, não havia muita
informação técnica sobre a planta. Não se sabia, por exemplo, a quantidade de
frutos que uma árvore produzia ou de quanto em quanto tempo poderia ser feita a
colheita.
Elaboração das Práticas de Produção da cadeia do óleo de Buriti
Estudos foram realizados para monitorar o rendimento em polpa do fruto –
é da polpa que se retira o óleo – a capacidade de produção das árvores, quais
as boas práticas para realizar o manejo dos buritizais e a produção da polpa
seca, que agrega valor ao produto e permite a renovação dos buritizais ao reter
as sementes na comunidade, gerando portando maior ganho social e ambiental,
comparado ao fornecimento do fruto in natura. A partir disso, uma
primeira apostila foi elaborada para ajudar na capacitação dos produtores.
Havia a necessidade de padronizar uma série de práticas para dar escala a
produção e garantir um produto uniforme no final, sem deixar de lado os
cuidados com o meio ambiente. O formato visual do material, com pouco texto e
bastante ilustração pareceu bastante acessível para os agricultores. “É um
trabalho em que partimos do que o agricultor já faz, do que ele conhece, do que
ele entenderia que seria mais fácil pra ele fazer”, comenta o engenheiro.
O resultado deste trabalho foi um manual mais elaborado, produzido pela
área de Bioagricultura da Natura. Todas as informações produzidas pelas
pesquisas foram reunidas neste material. Levantamentos e monitoramentos que
fizeram parte do projeto e foram realizados em parceria com a Cooperativa
Grande Sertão. O Instituto Sociedade,
População e Natureza, o Central do Cerrado e UFMG também contribuíram
para a sua concepção.
Além das recomendações de manejo dos buritizais, o Manual de Boas
Práticas de Produção de Buriti traz dicas sobre a produção de raspa seca e
fruto de Buriti, ambos conhecimentos construídos conjuntamente com
os produtores. “O Buriti é uma planta que frutifica a cada dois anos. Com
os produtores rurais aprendemos que a produção da raspa seca aumenta a
durabilidade dessa matéria prima. Desenvolvemos práticas a partir dessa raspa
seca e demos escala para isso”, conta Daniel. Esses e outros aprendizados foram
incluídos no manual que hoje é um importante aliado dos agricultores que
atualmente tem o Buriti como fonte de renda. “Isso gera um benefício social
porque essas pessoas passam a ter uma renda, uma atividade, um aprendizado. E
gera também um valor ambiental porque o produtor rural passa a se preocupar com
essa planta e preservá-la, ao mesmo tempo em que cuida do seu ecossistema, um
ambiente bastante frágil e ameaçado”, avalia.
Estas raspas secas são processadas na agroindústria da própria
cooperativa, estruturada com o apoio da Natura, através de um processo
desenvolvido pela equipe de pesquisa e desenvolvimento de ingredientes. Como
consequência de todo esse trabalho de estruturação e capacitação, o óleo gerado
nesse processo pode ser fornecido diretamente à Natura, sem a necessidade de
empresas intermediárias, que geralmente fazem processos para qualificar o óleo
produzido pelas agroindústrias.
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